quinta-feira, 16 de julho de 2009

Alasca: Beleza e aventura levam mais de 1 mi de visitantes ao ano

Não foi só no Alasca: Sarah Palin, 45, candidata derrotada à vice-presidência na chapa do Partido Republicano nas últimas eleições norte-americanas, deixou, de novo, todo o mundo político boquiaberto ao anunciar sua renúncia ao governo do Alasca, devendo deixar o posto no próximo dia 26.
Primeira mulher -e a mais jovem- a ocupar o cargo, tem governado o mais extenso Estado norte-americano, de 1.518.800 km2 (área semelhante à da Amazônia brasileira), mais de olho na mídia do que na economia e na "realpolitik".

Silvio Cioffi/Folha Imagem

Paisagem próxima ao glaciar Hubbard, um dos mais gigantescos blocos de gelo da região de "Inside Passage"

Fazendo as vezes de "a verdadeira americana", essa ex-miss foi guindada em 2008 à condição de celebridade e, inúmeras vezes, ridicularizada por suas declarações infelizes em programas humorísticos.
Mas, a despeito da política atabalhoada e dos estereótipos largamente disseminados de que o Alasca é uma terra gelada e inóspita, o 49º Estado dos EUA esbanja saúde nos quesitos turismo de cruzeiro e turismo de aventura.

Nostálgicas e imersas num cenário natural grandioso, as cidades de Juneau, capital e antigo centro madeireiro e de mineração; Ketchikan, um pitoresco entreposto de pesca no sopé das montanhas; e Skagway, a porta de entrada para o outrora selvagem território de Yukon - todas elas na região da "Inside Passage"-, atraem 1,2 milhão de passageiros/ano a bordo de transatlânticos.

Pela proa são vistos glaciares e fiordes, as paisagens idílicas dos parques nacionais e oportunidades de passeios que colocam o viajante em contato com a cultura dos antigos habitantes nativos em locais que mostram totens e em museus bastante bem organizados.

Durante os cruzeiros são oferecidos tours de charrete, de barco, de helicóptero, de carro-anfíbio, de trenó e de hidroavião em cada um desses portos da "Inside Passage".

E, fora do circuito propriamente turístico, há Anchorage, a maior cidade do Alasca, que, servida por voos da Alaskan Airlines, faz as vezes de centro financeiro e industrial.

Reviravoltas da história
Silvio Cioffi/Folha Imagem

Detalhe de Loggerville, bairro-fantasma flutuante nos arredores de Ketchikan
Quando, em 1959, o então presidente Dwight Eisenhower decidiu pela emancipação do Alasca e transformou em Estado esse território cuja área equivale a 20% dos EUA, houve quem considerasse a medida inoportuna, temendo o excesso de regulamentação e o aumento das taxações sobre as principais atividades da economia de então: a mineração, a extração de madeira e a pesca de salmão.

O Alasca, que havia pertencido à Rússia dos czares até 1867, quando foi comprado pelos EUA por US$ 7,2 milhões, dista apenas 90 km do extremo oriental da Sibéria e foi, desde tempos imemoriais, habitado por povos nativos, como os esquimós e os aleuts, para quem o termo "alaskhak" significava terra grande.
Foi, a partir do final século 18, objeto da cobiça de várias potências, caso da Espanha, do Reino Unido e até da França.

Já como território dos EUA, entrou para o mapa-múndi da economia com a Corrida do Ouro e, com o tempo, além da produção aurífera, encontrou prata, petróleo, minério de ferro e minerais considerados estratégicos, como tungstênio, antimônio, grafite e enxofre.


A pesca do salmão e dos caranguejos "king crab" e dungeness, junto da extração de madeira, alavancam o progresso desde antes da Segunda Guerra (1939-1945).

Nessa época, por sua posição geopolítica estratégica, os EUA decidiram tirar o Alasca de sua relativa ingenuidade extrativista e lá construíram diversas instalações militares.

Em 1942, ano em que os EUA se envolveram mais diretamente na guerra mundial, três das ilhas do arquipélago das Aleutas foram ocupadas pelo exército japonês.
O Alasca foi, a rigor, a única área do continente americano a ser invadida pelas forças do Eixo Roma-Berlim-Tóquio durante o conflito.

Os EUA reconquistaram esse território um ano depois, em 1943. À época, eram 150 mil os soldados ali alocados -e, finda a Segunda Guerra, muitos deles ficaram na região, considerada uma terra de oportunidades.

Relativamente isolado, o Alasca ostenta o título de um dos menos populosos Estados dos EUA: com cerca de 660 mil habitantes, tem 0,42 hab/km2.

Montanhoso e cercado pelas águas, é realmente um local ideal para ser desvendado a bordo dos transatlânticos de cruzeiro que, de agora até setembro singram as águas calmas da "Inside Passage".
Ali, entre os mamíferos marinhos, há baleias jubarte (ou "humpbacks"), orcas, golfinhos, focas e leões-marinhos. Um dos pássaros mais comumente avistados é a águia-careca, ou águia-de-cabeça-branca, que faz seu ninho nas proximidades de Ketchikan e de Juneau, onde o viajante que sobe no teleférico de Mount Roberts ou vai de carro até o glaciar de Mendenhall se depara com avisos de que é ilegal alimentar os ursos.


SILVIO CIOFFI
da Folha de S.Paulo, no Alasca
SILVIO CIOFFI viajou ao Alasca a convite U.S. Travel Association, da American Airlines e da Celebrity Cruises.

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