sexta-feira, 15 de abril de 2011

Extremo sul da Patagônia tem menos um de habitante por quilômetro

Mas a cidade de El Chaltén recebe vários visitantes interessados em visitar o Fitz Roy, uma das montanhas mais magníficas do planeta e também uma das mais desafiadoras.

Nossos caminhos cruzam a Rota 40, principal rodovia que leva ao extremo sul da Patagônia Argentina. A paisagem parece se repetir, mas não cansamos de olhar. É por ela que seguimos, acompanhando os Andes.
Encontramos dois ou três carros e quase nenhuma alma viva. É que nessa parte do mundo você pode andar horas e horas e não encontrar ninguém. Existe menos um habitante por quilômetro. São os guanacos, que vivem em bandos, e as emas, animais típicos da região que se movimentam. A Rota 40 é caminho para um dos lugares mais charmosos: El Chaltén.


À primeira vista, são as geleiras silenciosas e imensas que nos deixam hipnotizados. Mas outra visão também impressiona muito. Cerros e montanhas se erguem de repente da planície, como o Cerro Fitz Roy com seus 3.405 metros de granito. Rodeado por picos e encoberto por nuvens brancas, ele é uma das visões mais imponentes da parte norte do Parque Nacional.

É ele que nós vemos primeiro ao chegar em El Chaltén, uma cidade pequena e nova. Tem só 25 anos, quase nenhuma preocupação estética, mas é cheia de flores coloridas em frente às casas e com muitos visitantes.
Fitz Roy é uma das montanhas mais magníficas do planeta e também uma das mais desafiadoras. Recebe aventureiros do mundo todo. Algumas vezes, o sonho de domar esse gigante acaba lá no alto. Muitos não voltam. Mas, pelo menos um pouco, qualquer um pode experimentar sem perigos o gostinho do Fitz Roy. Na trilha estreita e irregular, seguimos na companhia de dois professores do Instituto Argentino de Neve e Glaciar.


Eles pesquisam clima, gelo, vegetação e os rios que contornam as montanhas. “A cor da água é essa, porque ela está transportando partículas muito pequenas que movem os glaciares. Em castelhano, dizem leite de glaciar”, afirma o diretor do Instituto Argentino de Neve e Gelo, Ricardo Villalba.

Às vezes, falta fôlego, mas não é só pela subida, mas pela vista, pela imponência do Cerro Solo, com uma geleira que parece se derramar sobre ele.

No meio da subida, encontramos uma fonte de água geladinha. Com ânimo renovado, continuamos subindo a montanha. Nós nos embrenhamos na floresta para analisar as marcas do lugar.

“O que procuramos é que a árvore nos conte a história do lugar. Uma árvore, através do seu crescimento, vai transformando a energia do meio ambiente, do sol e da chuva em um lenho que se forma todos os anos. Falamos que a árvores formam anéis de crescimento”, explica Alberto Ripalta, do Instituto Argentino de Neve e Gelo.

Com a ajuda de uma manivela o professor retira uma amostra da árvore. Nela, está a história de crescimento da árvore.

“Cada anel vai representar o ano climático. Tem 250 anos de clima com suas variações. Ela pode demonstrar como foi o avanço ou retrocesso, a dinâmica dos últimos 50 anos para cá. Anos de pouca precipitação ou anos que tenham sido muito quentes significam que a geleira está derretendo”, destaca Alberto Ripalta, do Instituto Argentino de Neve e Gelo.

Na Patagônia, tudo está ligado: as árvores, os animais, as montanhas e o gelo. O professor Ricardo Villalba diz que as geleiras são como uma voz de alarme. Funcionam como um termômetro do que está acontecendo no planeta.

“Nós estudamos como o clima dessa região vive mudando e como as mudanças climáticas estão afetando os recursos naturais, principalmente as geleiras e os bosques que as rodeiam”, diz o diretor do Instituto Argentino de Neve e Gelo.

Uma hora e meia e seis quilômetros depois e para recuperar o fôlego, vislumbrando um espetáculo em que o sol bate na geleira dando um tom azulado.



Rosane Marchetti
El Chaltén e Cerro Fitz Roy, Argentina

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