segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Conheça Lago de Itaparica, cidade submersa que virou hidrelétrica

A cidade de Petrolândia, distante 429 quilômetros da capital pernambucana, ‘Cidade Submersa’. Com belezas inigualáveis, a cidade é a única das Américas a ter uma igreja submersa.

Sua importância turística se deu a partir de 1988, quando uma grande enchente destruiu a antiga cidade. Os habitantes perderam tudo o que tinham. Mais de 800 km2 de terras ficaram submersas, acumulando cerca de 11 bilhões de metros cúbicos de água. A cidade transformou-se no lago de Itaparica.


Uma nova cidade foi construída de forma planejada e levou o mesmo nome. A atual sede do município de Petrolândia tem apenas 11 anos. A antiga cidade foi desapropriada pela Chesf para a instalação da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga.

Uma viagem em busca do passado. Navegamos onde havia uma estrada. O destino era Petrolândia, uma das cidades inundadas na formação do Lago de Itaparica, a 470 quilômetros do Recife. A igreja, onde entramos de barco, é o marco que restou.

A antiga Petrolândia era assim: havia duas igrejas. Uma delas ficava no ponto central da cidade. “Tenho muita saudade, muita lembrança. Quando a gente é jovem, marca muito”, lembra a aposentada Isabel Ferraz.


A igreja matriz da velha Petrolândia não resistiu ao tempo. Suas paredes ruíram e estão completamente destroçadas, no fundo do Lago de Itaparica. Mas a Igreja do Sagrado Coração de Jesus está resistindo há 23 anos. A profundidade é de 13 metros. O Fantástico entra na igreja mergulhando.

“Na frente vamos ter uma grande escadaria, que leva para o interior da igreja. Dentro da igreja tem grandes janelas que iluminam o salão da igreja”, conta o engenheiro de pesca Bruno Gonçalves.

A visibilidade é de, aproximadamente, oito metros. A escadaria que dá acesso à igreja está coberta por uma camada de lama. O templo está vazio. Todos os bancos foram retirados antes da enchente.

Na parede, está o nicho onde ficava a imagem do Coração de Jesus. Os janelões, que eram decorados por vitrais, estão abertos.

Chegamos ao local do altar-mor, que fica bem à frente. Nele, está a cruz de pedras, incrustada na parede central, com a pequena plataforma, que era base de apoio da imagem de Jesus Cristo. É o que resta do recinto sagrado. Tem até um cari, peixinho da família dos bagres, grudado na cruz.

Quem vê as imagens do templo submerso não tem ideia do drama da população da velha Petrolândia. Quando a água começou a invadir a cidade e as áreas rurais, alguns moradores se recusavam a deixar suas casas.

A dona de um restaurante, Jacira Neguinha, foi uma das últimas moradoras a sair. “Da minha parte, eu achava melhor a cidade antiga. Era pequenininha e tudo, mas era gostosa de ver. A gente andava para todo lugar”, conta. Jacira também elogia a nova cidade. “Aqui é bom também. Aumentou muito. A cidade ficou bem maior. Dá umas quatro vezes ou mais da de lá”, compara.

Com a construção da barragem e a criação do lago, as cachoeiras do Rio São Francisco desapareceram. Em um trecho, o rio deixou de existir. Algumas espécies de peixes também foram extintas.

“Lá nós contávamos cardumes de 50 a 100 surubins, de 20, 30, 40 e até 50 quilos”, lembra o pescador Boca Mole. Hoje, o lago abriga uma criação de tilápias. Ao todo, 60 tanques produzem 20 toneladas de peixes por mês.
Petrolândia antes de ser inundada.


Bombeiros estão mapeando as ruínas da cidade submersa. Eles querem criar aqui um novo ponto de mergulho para turistas que gostam de aventura.
Muitos destroços embaixo, com paredes caídas, casas destruídas e um amontoado de escombros. Mas conseguimos chegar à Charqueada, uma antiga fábrica de doces e o maior prédio da antiga cidade. Uma escada leva ao primeiro andar. Em uma sala, há um intruso: o tucunaré, peixe tradicional da Região Amazônica, que foi introduzido no Lago de Itaparica.

Embaixo dos tijolos, há um bagre mandi. O próximo passo do mapeamento é localizar a velha estação ferroviária: um tesouro do inicio do século passado. Além das ruínas, 22 anos depois da construção da barragem, só restou saudades.

“A gente lembra aquelas músicas, aqueles lugares aonde a gente se encontrava”, conta dona Isabel Ferraz.

“Eu tenho saudade da cachoeira, onde eu nasci”, lembra o pescador Boca Mole.

Para matar a saudade, uma opção é curtir a beleza do pôr do sol diante do Lago de Itaparica. Pelo menos, um espetáculo da natureza que não pode ser alterado pelo homem.

FANTÁSTICO

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