sábado, 20 de outubro de 2012

Fernando de Noronha. Oásis tropical, obra-prima da natureza



O arquipélago tem 26 km² no total e é composto por 21 ilhas habitadas, apenas uma delas (com 17 km² ), e que leva o mesmo nome do arquipélago. O resto foi declarada Parque Nacional Marinho pelo governo do país, e, portanto, é proibida a presença humana nelas, exceto para fins de pesquisa científica. Sua localização é 3° 50 'S, 32 ° 24' W. Em 2001 , o arquipélago foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Junto com Atol das Rocas e Abrolhos, é considerado um dos melhores pontos de mergulho do Brasil, muitos ecoturistas viajam para o arquipélago exclusivamente para o mergulho. A infra-estrutura turística é muito básica, composta de pousadas familiares, muitas vezes sem água quente, alguns restaurantes, e elevados padrões de preservação. No entanto, os turistas que vão para "Noronha" (como é comumente chamado) não estão procurando casas noturnas e hotéis grandes, mas estão dispostos a ter um pouco de desconforto, a fim de apreciar a natureza única do arquipélago, comparável ao mergulhar o Mar do Caribe ou o Maldivas .

Todos os clichês possíveis estão em Fernando de Noronha. Começa pelo famigerado termo paraíso, segue para oásis tropical, passa por obra-prima da natureza e termina em destino dos sonhos. Descrever o arquipélago é cair nesses chavões, que, de tão usados e repetidos, já caíram no lugar-comum. Comum? Não, Noronha não tem nada de trivial. Em nenhum outro lugar do Brasil a cor da água passeia pelos tons de azul-turquesa e anil, as praias estão sempre no páreo das mais belas do país e as ondas são do jeito que os surfistas adoram. Some a isso uma vida marinha exuberante com peixes coloridos, golfinhos, tartarugas e tubarões nadando a vista dos turistas, e as condições perfeitas para o mergulho. É ou não é um cartão-postal irretocável?

As 21 ilhas que formam o conjunto foram descobertas em 1503 por Américo Vespúcio. Nos séculos seguintes, Noronha motivou disputas entre holandeses, portugueses e franceses, serviu de prisão política e foi até base norte-americana durante a Segunda Guerra. A ilha principal, que dá nome ao conjunto, é a única habitada e onde estão as pousadas, os restaurantes e toda a infraestrutura para receber os visitantes. As acomodações domiciliares, a única forma de hospedagem durante muito tempo, não tinham sequer televisão. A situação hoje é bem diferente e muitas têm até sinal de internet sem fio. Para saber em qual categoria se encaixam, basta verificar a classificação imposta pela administração da ilha. Em vez de estrelas, o nível de cada uma é medido pela quantidade de golfinhos, onde três representam o índice máximo.
 Morro do Pico Fernando de Noronha

Distante

545 km de Recife, o arquipélago é o destino principal de ecoturismo no país, seduzindo surfistas, mergulhadores e todos aqueles que buscam dias de sossego em meio à natureza. Por estar longe de tudo, tornou-se um santuário preservado, onde as leis ambientais são seguidas à risca. Nem pense em levar uma conchinha da praia, o máximo que se conseguirá trazer é a areia que ficar grudada no sapato. Nadar nas praias onde as tartarugas se reproduzem, e nas áreas próprias para os golfinhos, também está fora de cogitação. Para se refrescar na Praia do Atalaia, além da exigência de um ingresso, não é permitido aos banhistas usar filtro solar, já que o produto pode contaminar a água e prejudicar as espécies marinhas. Tanto cuidado tem um preço, e ele é alto. Os produtos e serviços são bem acima da média em comparação com outras regiões turísticas.


DA BAÍA DOS GOLFINHOS À VILA DOS REMÉDIOS 


De olho no mapa da ilha, diversas atrações marcam essa privilegiada porção de terra. Pode-se iniciar a desvendá-la pela Baía dos Golfinhos e seguir em direção à Vila dos Remédios, onde está a parte histórica.


Falésia em Fernando de Noronha. 
O meio mais comum de conhecer os principais pontos é alugando um bugue (R$ 85 a 120 a diária). Não se assuste com o preço da gasolina, há um único posto e o combustível chega a custar 50% a mais do valor comercializado em outros lugares. Outra opção é o ilhatur, que percorre rapidamente as principais praias e oferece um panorama geral de Noronha. Pode ser agendado diretamente com os bugueiros (reserve com um dia de antecedência), que cobram de R$ 50 a R$ 75. Mas não pense que o tour é totalmente motorizado, há várias paradas e muitas trilhas que são feitas a pé. Ainda há bugue-táxis e micro-ônibus.

Na Baía dos Golfinhos, como o próprio nome já diz, é região onde se concentram os golfinhos rotadores. Para vê-los pulando e rodopiando no ar é preciso acordar cedo e andar por uma trilha de


1 quilômetro, no meio da mata nativa. Logo que amanhece, eles começam seu show, e os visitantes observam tudo do mirante, um paredão de mais de 50 metros de altura. Das 5 às 7 horas, biólogos de plantão explicam um pouco mais sobre esses animais e fornecem binóculos aos turistas.

O próximo ponto é a Baía do Sancho, considerada a praia mais bela do país. Com águas claras e muitos peixes, é uma boa área para o mergulho de flutuação (snorkeling). Para chegar, há duas maneiras: a primeira é de barco. A segunda é encarar uma escada de ferro, colocada nas fendas do paredão. São apenas 30 degraus, mas como está totalmente na posição vertical, muitas pessoas têm dificuldade em descer. A paisagem mais célebre do arquipélago, a do Morro Dois Irmãos, pode ser vista do Sancho também.

A baía vizinha é a dos Porcos, uma praia pequena, com faixa de areia estreita e muitas rochas vulcânicas que formam piscinas naturais. A cor do mar é o que mais impressiona e cria um degradê de tons de azul. Na maré alta a areia é engolida pelo mar. Ao lado, a Cacimba do Padre é marcada pelo clima selvagem. Cercada por mata nativa e morros, a sequência de ondas tubulares costuma deixar os surfistas enlouquecidos.

Seguindo, chega-se à sossegada Quixaba, coladinha à Praia do Bode. Esta última tem piscinas naturais e boas ondas. E a sensação por ali é o mirante com o mesmo nome da enseada. Já a do Americano, pequena e deserta, ganhou esse nome durante o período em que foi usada pelo Exército dos Estados Unidos.


Boldró é a parada seguinte, e para os surfistas não é preciso grandes explicações. De março a dezembro, na maré alta, as ondas podem chegar a 5 metros. Na baixa, o mar fica tranquilo e propício para o snorkeling. No alto da falésia, as ruínas do Forte de São Pedro do Boldró oferecem uma vista incrível, com direito a observar o pôr do sol mais belo da ilha. Para acompanhar, o Bolero, de Ravel, é a trilha sonora do forte que embala o crepúsculo.

Os ilhéus adoram a Praia da Conceição, os turistas e mochileiros também. Extensa, permitindo boas caminhadas, e com as águas calmas de abril até novembro, ela se localiza no sopé do Morro do Pico, que está 321 metros acima do nível do mar. Quando o mar se agita, transforma-se em mais um pico para os surfistas. O barzinho Duda Rei é um dos mais animados da ilha, e nas noites de lua cheia dá para curtir um luau na areia.

Na enseada do Cachorro – antes de chegar há uma pequena praia no meio, ou melhor, do Meio, como ficou conhecida – é onde está o Forte dos Remédios, construído na ilha pelos portugueses no século 18. Em ruínas, o visitante pode conhecer o Parque de Sant’Anna e comprar artesanato no Terminal Turístico (antigo quartel da Marinha).


Do forte, o centrinho histórico de Noronha, a Vila dos Remédios, começa a se desenhar. Os prédios públicos, os alojamentos carcerários, a igreja, a praça d’armas, a escola e o hospital ficavam concentrados nesse miolo, que despontou como principal núcleo urbano da ilha no século 18. Com a ocupação do arquipélago durante a Segunda Guerra Mundial, a vila passou a ter cara de uma base militar. Algumas construções deixaram de existir, outras conservam partes de sua estrutura. Vale a pena dar uma pausa nas praias para um breve passeio por ali. A Igreja Nossa Senhora dos Remédios, concluída em 1772, é o principal templo católico da região. Restaurada, ganhou até iluminação noturna.


Pertinho, o Palácio São Miguel, erguido em 1948 sobre a diretoria do antigo presídio, é hoje a sede administrativa do Distrito Estadual. Em frente, há um monumento em homenagem aos aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, os primeiros a realizarem uma viagem aérea entre a Europa e a América do Sul. Um dos pontos altos é o Museu do Tubarão. O espaço mostra as arcadas das 11 espécies que vivem na região, além de painéis que ilustram a distribuição desses animais pelo mundo. Há uma lojinha temática e uma lanchonete que prepara o famoso bolinho de tubalhau. Em alguns restaurantes locais, a tubalhoada (lascas de tubarão, batata, cebola e azeite) é sempre a pedida do dia. Do museu dá para ver o Buraco da Raquel, uma rocha com uma grande abertura. Algumas histórias contam que Raquel (filha de um comandante) ia lá para chorar, outros acreditam que era para namorar escondido. Há uma pequena trilha que leva até a rocha, mas a visitação é proibida por questões ambientais.

Bem na pontinha da ilha, onde o Mar de Dentro (as praias voltadas para o continente americano) se encontra com o Mar de Fora (as enseadas viradas para a África), está o Espaço Cultural Air France. Na década de 1920, foram construídos três edifícios que serviam de base de apoio para os aviões que atravessavam o Oceano Atlântico. Como o mar é muito agitado, não é um local indicado para nadar. O bom dali é aproveitar a bela vista para asIlhas de São José, Rasa e Sela Gineta.



O MERGULHO PERFEITO

Protegido como Parque Nacional Marinho, Fernando de Noronha é considerado o melhor ponto para mergulho de cilindro do Brasil. Se não bastasse toda a beleza fora d’água, dentro os cenários são ainda melhores.

Em muitos pontos, a visibilidade chega a 50 metros e a temperatura média fica na casa dos 26 ºC. O fundo de corais e os cardumes de peixes, que nadam quase ao lado dos mergulhadores, são situações corriqueiras no fundo do mar noronhense. As tartarugas e as arraias costumam aparecer; às vezes, os tubarões também.

Quem não entende do riscado pode realizar o batismo submarino, em que instrutores certificados oferecem orientações básicas e acompanham os mergulhadores de primeira viagem em uma profundidade que pode chegar a12 metros. O minicurso é caro (média de R$ 250, por 30 minutos), mas ir até Noronha e não ver de perto sua vida marinha  é um tanto frustrante. Uma forma divertida e que não exige grandes preparações, e nem muito esforço, é o mergulho a reboque, conhecido como voo submarino ou Planasub. Basta segurar uma pequena prancha amarrada a uma lancha para deslizar sem preocupações. Só não esqueça a máscara e o snorkel. Para ir mais fundo, é só inclinar a prancha para baixo e nadar com os curiosos “habitantes” da ilha.

Para os adeptos do snorkeling, os locais mais indicados são a Baía do Sueste, o Morro de Fora na Praia da Conceição, a Praia do Atalaia (local de alimentação das tartarugas marinhas) e o naufrágio Eleani Sthatatos. O navio grego, naufragado em 1929, pode ser observado sem a necessidade de cilindro. O que não acontece com o Corveta V 17 Ipiranga, da Marinha brasileira, no fundo do mar desde 1983. Tido como um dos naufrágios mais bem conservados e belos do mundo, ele está a uma profundidade de 64 metros, e apenas mergulhadores profissionais têm permissão de chegar até a embarcação.


UM MAR DE TRILHAS 

A BR-363 é uma rodovia federal diagonal brasileira. Liga o Porto de Santo Antônio à Praia do Sueste, em Vila dos Remédios, Fernando de Noronha,com seus 7 km, sendo assim a segunda menor rodovia federal do Brasil, atrás apenas da BR-488.É a única rodovia existente em toda a ilha.

Clima:

Há duas estações predominantes: a seca, que vai de setembro a fevereiro e a chuvosa, com precipitações ocasionais, de março a agosto. A temperatura tem pouca variação durante o ano, mantendo uma média de 28ºC, com muito sol e uma brisa refrescante.



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